Sunday, November 06, 2005

Arrombou a festa


Foi o Violeiro quem deu a idéia:

Rolou a festa na República Boite Casablanca-A gente podia dar uma festa numa república, para se enturmar com a rapaziada e, também, agradecer a festa que a outra turma deu pra gente!

Depois de muita conversa, entrando o Dom Pixote e o Zangado na jogada, fizemos uma vaquinha e entregamos na mão do Cinderela, da república Boite Casablanca, que fica na Rua São José.

A festa começou às 3 da tarde e se esticou enquanto a cerveja durou - com direito a duas passadas de chapéu para comprar mais. Como é de costume, a rotatividade era grande: o povo ia entrando e saindo; teve quem levasse pai, mãe, tia, irmãs, irmãos... O cachorro da república - o mais cachorro, que anda de quatro sem precisar encher a cara - zanzava pelo meio das pernas, atrás de raspas e restos.

A Casablanca, para quem olha da rua, parece uma casa pequena, mas por trás da fachada, o morro sobe - parece que infinitamente - e as escadas se sucedem. Ficamos no antepenúltimo patamar. Cinderela confessou que, no seu Miss Bicho, escorregou de cara pelas dezenas de degraus que ligam a churrasqueira e o freezer ao banheiro.

Dom Pixote, lá pelas tantas, abraçou-se a uma garrafa de cachaça e passou a sorvê-la avidamente, pelo bico. Cismou, então, de tomar meu lugar de paparazzo da turma, e se pôs a fotografar. Mas, crente que essa era um estratégia infalível para provar a profunda paixão que sentia pelas garotas da festa, começou a fotografar suas retinas. A Atleti Cana, ainda acompanhada da família, nos segredou que ele já era hors-concours o vencedor do Grammy - categoria Péla-saco. A pobre da Verdezolhos ficou uns quinze minutos cega, com as investidas fotográficas.

Assim rolava a festa, Casablanca transformada num gueto de geocientistas e aspirantes a tal. Osso se pôs a discorrer sobre não-sei-bem-o-quê, até que a Tinha, sua namorada, chegou - e ficou puta da vida quando a apresentei ao Violeiro como Namorada do Osso. Como é da área de Teatro, não entende bem essa questão da relatividade dos referenciais. Nós, que passamos os dias trocando a marcação de nossas medidas entre a profundidade medida e o tempo duplo, bem que tentamos lhe explicar, mas ela não aceitou bem a coisa.

Zangado, de vez em quando, vinha reclamar do som e prometia dar um bico nas caixas. Violeiro o convenceu que bastava ir até o micro baixar o som. Aliás, eita programinha ruinzinho, esse Windows Media Player! Nem equalizador tem! Aproveitamos, numa das vezes em que tentamos ajustar a joça do Windows, para incluir na lista de execução o clássico da MPB Cães e Rães, mais novo sucesso das paradas.

Pepe le Gambá em Ouro Preto
Pepe, o gambá francês apaixonado.
À medida que a noite avançava, a cerveja acabava e as pessoas procuravam novos agitos. Cinderela nos apresentou a sua criação, uma batida de vodka com Hall Mento-Liptus (argh!!!). Quando eu perguntei pelo Dom Pixote, crente que o encontraria embaixo de alguma mesa, melado de vômito, o Violeiro riu:

-Está lá em cima, zoando...

Mas o colega não sabia da missa a metade. Pior foi galgar a escadaria e dar com a cena dantesca: Negão, uma ruiva nativa, Zangado e Verdezolhos observavam Pepe le Gambá em ação. Isso mesmo, o gambá que persegue as gatinhas nos desenhos do Looney Toones (turma do Pernalonga)!!!

Perigosamente sentado em mureta que dava para um vazio de uns três metros de altura, Dom Pepe tentava beijar, à força, uma garota ouropretana que ainda não percebia o perigo que representavam os acontecimentos. Ríamos. Perguntei à Verdezolhos:

-Ela é paraplégica, ou está gostando?

-Deve estar gostando, porque não levanta daí!

Ainda chocado, desci de volta à cozinha, onde Cinderela, Violeiro e outros estudantes tentavam convencer Distraído que o batidão sabor Halls não era tão ruim assim.

Distraído tentava nos convencer a todos para irmos ao Biz & Biu. Nisso, a mais nova Cherrie de Dom Pepe passou, com olhar apavorado; segundos depois, o próprio apaixonado veio, com um brilho fosco no olhar (só geólogo para entender o que é brilho fosco) e um sorriso de gato que comeu passarinho. Nessa hora, todos já tinham certeza do perigo que era dar-lhe as costas!

Saímos aos poucos. Dom Pepe, Zangado e Verdezolhos saíram para o Biz & Biu. Em seguida, Violeiro com seu violão, Distraído com seu sax e eu fomos para o hotel, deixar os instrumentos. Chegando, Distraído sentiu bater mais forte a saudade da cama e ficou. Voltamos, então, os dois remanescentes para a rua, na direção do Biz & Biu.

A família da Atleti Cana ainda estava lá, mas logo nos deixou. A garota, então, pôde se entregar à sua paixão, transformando a sombrinha em microfone, fazendo entrevistas e cantando. O artista Antonio Primo se apresentava e ela, por etapas, tomou lugar no bar, dançando e cantando. Daqui a pouco, todos estávamos no agito. Alguns freqüentadores que, parece, vão a bar para rezar, se retiraram. Zezinho, o garçom, até ensaiou uns passos conosco.

Antonio PrimoMas, com o avançado da hora, o Primo já encerrava sua apresentação. Ainda deu uma boa palhinha, tocando muito reggae. No entanto, precisava ir: hoje, no domingo, tocaria em Lavras Novas. Enquanto relaxava, se preparando para ir embora, observava os novos cantores que tinham se apropriado do microfone e comentou:

-É.... a cerveja produz músicos! - a sabedoria mineira em ação!!

Ainda nos preparamos para ir ao CAEM, paa esticar ainda mais a noite. No caminho, a Atleti Cana pareceu não agüentar e pediu que a levássemos para casa. Mas tirou as sandálias e, na Rua Direita, se pôs a cantar com sua inseparável sombrinha. Adiantei o passo e peguei um carro para levá-la - nas ladeiras de Ouro Preto, corríamos o risco de vê-la de pé torcido - pelo menos. Qual! Cadê o povo? Em vez de enveredarem pela Rua São José, voltaram à Rua Direita, passaram no Bar das Coxas (Bar Barroco) para abastecer e tomaram o rumo da Praça Tiradentes.

Encontrei-os já saindo do barzinho, isso depois de rodar a Rua São José, ir ao Rosário e passar pela Igreja do Pilar, voltando a subir pela Rua Direita! Estacionei na Praça Tiradentes e a Atleti Cana entregou os pontos: me leva pra casa?

Acompanhados da Verdezolhos, do Mexicano e da Narizinho (ninguém me tira da cabeça que foi tanta gente por medo de me dar um ataque de Dom Pepe e tentar agarrar a pobre Atleti Cana), deixamos a artista etílica.

Desisti. Deixei os outros três na praça, me despedi de Violeiro e Zangado e fui pra cama. Esse povo movido a álcool vai longe!

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