Thursday, October 27, 2005

A viagem do Zangado


Zangado foi a Brasília, para o casamento do irmão. Sua volta foi uma viagem! É ele quem conta:

Minha vinda para Ouro Preto foi conturbada!

No avião, fiquei na segunda fila e na janela.

(Importante mencionar que a capacidade do avião era de 144 passageiros).

Pois é. No corredor estava uma senhora com a perna quebrada e, no meio, mãe e filha de 2 anos.

A menina passou toda a viagem aos berros, com dor de barriga e peidando fedido pra cacete! Vez ou outra tinha ânsia de vômito!

E eu passando mal, com fome e ressaca. Meu querido irmão havia se casado naquele final de semana de outubro em Brasília.

A senhora da ponta (corredor), a todo o momento, cantava algo na tentativa de distrair a menina. Mas a coisa foi piorando e, tanto a menina quanto eu, ficávamos ainda mais nervosos com a voz aguda e desafinada da véia.

Do meio pro final da viagem, a mãe também começou a passar mal. Não sei se foi a voz da véia, mas ajudou!

Desde o início ela se mostrou um pouco nervosa com o vôo. Até aí tudo bem. De repente o braço direito dela endureceu, os dedos ficaram super rígidos e ela muito pálida e amarela! Eu, que já estava esperando a menina vomitar em mim, ou eu nela, a partir dali tive certeza de que alguém iria vomitar: a menina, a mãe ou eu.

Logo, a tripulação tentou ajudar, mas o avião havia iniciado o pouso e portanto nada podia ser feito, a não ser esperar e, no meu caso, rezar pra ninguém vomitar.

Comecei, então, a massagear o braço e a mão da mãe na tentativa de aliviar e acalmá-la. A menina, vendo a mãe chorar, ficou super nervosa e os berros, que já estavam incomodando pra cacete, passaram a insuportáveis. Nesse momento, a peidorreira, de tão nervosa, resolveu soltar o barrão. Puta que pariu, que fedor! Eu deveria ter rezado também pra ninguém cagar!

Então percebi que foi ótimo eu não ter comido nada, caso contrário o estrago na 2a fila do avião seria completo.

Finalmente pousamos. O braço da mãe relaxou um pouquinho, mas a menina continuou gritando e fedendo, claro!

Eu estava muito contente, pois em poucos minutos tudo acabaria. Acontece que a tripulação resolveu que tanto a senhora da perna quebrada, quanto mãe e filha deveriam esperar que todos os 141 passageiros, saíssem. Mas não eram 144 passageiros? Pois é....144, menos a mulher da perna quebrada, menos mãe e filha (a última que não contava, pelo menos como passageira; mas que teve presença marcante!!!), menos EU (que estava preso junto à janela) = 141 passageiros.

Isso mesmo. Tive que esperar, em meio ao maior futum, todos saírem da aeronave.

Eu já havia desistido de pegar o ônibus de 12:15h para a rodoviária de BH. O próximo só sairia 13:15h, que merda, literalmente!

Bom...a cadeira de rodas da véia chegou, a menina, ao ver a mãe melhorar, parou de chorar......mas não de exalar um cheiro horrível.

Começamos a deixar o avião. Ocorre que a véia e sua lenta cadeira não deixavam que eu saísse logo dali. A véia lenta na frente, a mãe apoiada num cara da tripulação e a menina fedorenta logo atrás da véia, e eu, captando toda aquela cena e fedor lá de trás. E louco pra fugir dali... Surgiu uma brechinha no corredor de acesso ao aeroporto e eu “vazei”.

Mas nem tudo estava perdido. Pelo menos foi o que pensei quando consegui pegar o ônibus de 12:15h para a rodoviária de BH. As energias positivas pareciam ter dado o ar da graça quando o cara do frescão disse que a passagem custava R$5,00. Era o que eu tinha na carteira.

Entrei no ônibus ... ônibus cheio...duas cadeiras livres...uma lá atrás próxima ao banheiro e outra logo na primeira fila, no corredor. Beleza, lugar ideal pra sair logo.

De uma hora pra outra, sem mais nem menos, entram mais umas quinze pessoas no ônibus. O motorista, indignado, pedia que esperassem o próximo ônibus. Mas a galera preferiu viajar uma hora de pé, a esperar pelo próximo ônibus.

Imaginem o calor dentro do carro...sem ar condicionado e com a janela ao lado emperrada.

Nas poltronas do outro lado do corredor havia uma senhora, na janela, e sua mala vermelha gigante ao lado. A bicho grilo, ao contrário do restante dos passageiros, não quis deixar sua mala vermelha gigante nova no porta malas do ônibus.

Bom...as últimas pessoas a entrarem no ônibus foram uma senhora, seu netinho de mais ou menos 6 anos e o pai do menino. Era uma típica família da roça, sem nenhum preconceito. Mas, não havia mais lugares. Eu já estava me preparando para ceder meu lugar para a senhora, quando a mulher da mala, gente boa, pediu que a véia2, sentasse ali, junto à mala gigante. Até que coube bem, pois a véinha era miudinha.

A vovó colocou o netinho no colo e o pai ficou em pé, de vez em quando quase caía no meu colo. E o cidadão fedia feito gambá. Um cc dos inferno!

Pronto, a próxima 1 hora até a rodoviária estava garantida. A fonte do fedor só fez mudar do cú da menina esgüelante pras axilas do roceiro descabelado.

Ônibus fechado, lotado, sacudindo, calor e cheiro insuportáveis, começamos nossa viagem até a rodoviária. Eu já não sentia mais fome, mas a ressaca era persistente e novamente, sem esquecer do fato do avião, achei que não estava livre do vômito.

A mulher da mala gigante, bicho grilo total, pra não chamar de sapata, não parou de falar um minuto sequer. Encheu tanto o saco do menino que estava no colo da véia rezante, que ele pediu pra tomar um arzinho. Acreditem, o moleque estava passando mal bem ao meu lado...de novo!!!

A véia, que não parava de rezar, no mínimo pedindo a Deus que calasse a boca da sapata, tentou ajudar o menino: rezou mais ainda e mais alto: “Jesus, meu Senhor, traz um arzim pro meu netim que tá ruizim”.

O pai, gente fina, brigava com o moleque e gritava pra ele não passar mal: “Eu disse pro cê não comer o biscoito!”. A sapata insistia pro menino fixar os olhos num ponto lá fora. Mas, porra, o ônibus estava em movimento....o moleque fixava em algum ponto, o ônibus passava pelo ponto e o moleque tinha que torcer o pescoço para acompanhar o ponto. Carái, véi.... o moleque foi piorando, piorando até que minhas previsões finalmente ocorreram. Uma correria total atrás de um saco plástico pro menino que ia vomitar.

Óbvio que não deu tempo...e lá se foi todo o biscoito, “de chocolate”, pra mala gigante vermelha nova da sapatona bicho grilo.

E o menino “chamou o Raul” mais umas três vezes...Não saía mais nada, mas o barulho esquisito fez-me comparar com os berros da menina cagona.

O “cc dos inferno” travava uma luta ferrenha com o cheiro do vômito. E a véia???? Bem...ela mudou o rumo da reza e não parou de agradecer pelo fato de o menino ter melhorado?!

O cheiro??? Puta que pariu, nada poderia ser pior.

A sapata ficou puta (estranho né? Sapata puta?) no início... mas depois ela relaxou um pouquinho e voltou com o menino para a janela. Pronto – eu pensei -, agora o menino morre... a sapata insistia com ele: “Fixe um ponto, fixe um ponto, ... respire fundo, respire fundo, respire fundo. Enquanto isso, a véia rezava, o pai fedia e eu ali. Comecei a achar muito bom que aquela mala nojenta estivesse ali. Bem feito!!! Tornou-se uma mala gigante vermelha nova com detalhes marrons chocolate. O cheiro de mala nova já era...

Fomos até a rodoviária dessa forma... o ônibus mudo...ouvindo a véia rezar, a sapata insistir, o pai nojento brigar e o menino torcendo o pescoço.

Eu não sei se o menino teve dores no pescoço, mas eu desci do ônibus com uma puta dor de cabeça e no pescoço. Claro, depois de presenciar tudo aquilo, virei pro lado da minha janela e fiquei o resto da viagem olhando lá pra fora com minha blusa tampando o nariz.

Foi foda!

Bem, consegui chegar sem vomitar na rodoviária. Finalmente comi algo: coca-cola com pão de queijo. Peguei o ônibus pra Ouro Preto. Dessa vez consegui dormir. Nem tudo foi ruim, rsss.

Foi isso, um casamento inesquecível, antes, durante e bem depois!!!

Se não tivesse acontecido comigo, eu não acreditaria nessa história! Mas eu contei a pura verdade.

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